Da arte de conhecer a cultura natalense
A definição de cultura é, em última análise, o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade. Seguindo esse conceito, Natal apresenta um rico e diversificado caleidoscópio cultural de cantares, saberes, sensações visuais e táteis ao alcance do espírito humano.
Cidade-berço do etnógrafo, folclorista, pesquisador e escritor, Luís da Câmara Cascudo, Natal apresenta com orgulho suas manifestações folclórico-culturais traduzidas, por exemplo, na tradição dos Congos de Calçola, da Vila de Ponta Negra; do Boi de Reis, de Manoel Marinheiro, e da Sociedade Araruna de Danças Antigas e Semi-Desaparecidas, fundada pelo saudoso Cornélio Campina. Estes são apenas três arquétipos do patrimônio imaterial da nação natalense.
A cultura popular é tema estudado a fundo pelo mestre Câmara Cascudo, o renovador do folclore brasileiro, e seus discípulos Veríssimo de Melo, Osvaldo Lamartine de Farias e Deífilo Gurgel, que fizeram da vida profissão de fé na defesa e na divulgação do folclore.
Nas artes plásticas, merecem louros e loas os artistas plásticos Newton Navarro - nosso representante da Escola de Paris -, Leopoldo Nelson, Iaponi Araújo e Dorian Gray, continuador da temática de Navarro voltada para a cultura popular e para as tradições enraizadas no imaginário popular.
A alegria contagiante da nossa gente é embalada pelo chorinho de Ademilde Fonseca, pelo forró "arretado" de Elino Julião, pelas marchinhas carnavalescas de Dosinho, pelo samba de Roberta Sá, pelo cantor Leno, ícone da Jovem Guarda, e pela explosão dos mil tons do eclético Isaque Galvão. O romantismo contagiante do cantor Gilliard e das cantoras Núbia Lafaiete e Glorinha Oliveira também dão o tom maior da música potiguar. Todos esses talentos são "abençoados" por Othoniel Menezes e Eduardo Moreira, autores de "Praieira", espécie de hino informal da cidade.
Ainda é preciso enaltecer a literatura produzida em Natal nos três gêneros literários: prosa, poesia e dramaturgia. Na messe dramatúrgica teatral destaque-se a família Wanderley, que se confunde com o teatro e as letras natalenses. A aptidão para a pena de Ezequiel, Sandoval e José Wanderley sublimam a nossa história artístico-literária. Outros nomes podem ser agregados a essa plêiade, como os dramaturgos Adalberto Rodrigues, Jesiel Figueiredo, Meira Pires e Racine Santos.
Na arte teatral, o grupo Clowns de Shakespeare é referência no Nordeste. Não se pode esquecer também o trabalho consistente do Alegria, Alegria e do Estandarte.
"Rio Grande do Norte,/ capital Natal;/ em cada esquina um poeta,/ em cada rua um jornal.", já dizia a quadrinha do início do Século 20. Não é à toa que Natal se destaca no panorama poético-literário do país ao gerar talentos do lastro de Auta de Sousa, Jorge Fernandes de Oliveira, Zila Mamede e Miriam Coeli. Nos dias de hoje, ganha vulto a poesia de Marize Castro, Iracema Macedo e Carmem Vasconcelos.
Na prosa, louve-se o pioneirismo de Aurélio Pinheiro e Policarpo Feitosa, afora Peregrino Junior, Afonso Bezerra, Newton Navarro, Jayme Hipólito e Eulício Farias de Lacerda. Mais recentemente, o escritor Nei Leandro de Castro ganhou notoriedade nacional ao ter seu romance "As Pelejas de Ojuara", adaptado para a tela pelo cineasta natalense Moacyr de Góes e rebatizado de "O Homem Que Desafiou o Diabo".
Por toda essa riqueza e diversidade cultural e artística, Natal enleva o espírito humano na grande viagem do homem em busca do conhecimento de si mesmo e de seu semelhante.
Pesquisa: Paulo Jorge Dumaresq
Fonte: Prefeitura de Natal